terça-feira, 1 de outubro de 2013

FESTEJOS FARROUPILHAS 2013

Música Peleia








Peleia

Ultramen

(Nego X)
Pele-pele-peleia eu não vou fugir desta guerra não
Não vou deixar eles fuderem minha terra não
É mais fácil morrer estar lutando eu nunca vi peão gaúcho se entregando
Macho não é quem bate na mulher
Homem eu vou dizer o que que é
Gaúcho macho do chão farroupilha protege e ama a sua família
Necessidade todo mundo passa qualquer raça qualquer massa
O português o gringo o italiano o alemão o índio o africano
Somos todos irmãos sob esse céu azul nós somos brasileiros do Rio Grande do Sul
Prepare a erva comece a pensar pois a peleia vai começar
Não podemos se entregar pros ômi de jeito nenhum
Não tá morto quem peleia amigo sob o céu azul
Não podemos se entregar pros ômi de jeito nenhum
Somos todos brasileiros do Rio Grande do Sul
(Lica)
Cabelos enosados pelos ventos dos pampas
Longos cachos ou tranças embalam no galope
O vento revida o trote da mulher forte vivida que desde cedo canta
E levanta a tradição é o dom do coração certeiro
Que se entrega por inteiro sem medo do futuro ela anda no escuro
Se preciso for ela é mulher ela sabe bem quem é ela sabe o seu valor
Orgulho e suor escorrem do seu rosto que exposto ao incerto
Torna concreta toda a peleia mulher gaúcha rancheira da serra ou do litoral
Ela ama e luta nunca foge da disputa que a vida traz faz faz
O que tiver de fazer faz o chimas se duvida vem aqui pra ver
E ainda arranja tempo pra mandar a prosa pra vocês pra vocês
(NitroG)
É aí que começa a nossa história china véia
Povo crioulo chileteando tua idéia
Tradição de mão em mão geração geração cuia erva chimarrão
Abre a porteira boleia falo de tudo que nos rodeia
História raiz quem disse que não ama sua terra me diz?
Maloqueiro a galope pelos pampas minha voz minha prenda minhas crenças

Diferenças eu guardo na guaiaca gente pequena gente ruim gente fraca
Do extremo sul Trovadores RS a favela é nossa cara com respeito a quem merece
É os sangue aqui dos pampas atitude prevalece
Prepare a erva comece a pensar pois a peleia vai continuar
(PX)
Boleia a perna vivente amarra o pingo iniciou a bailanta
Eu tô falando aqui do Sul quem tá sentado levanta
É som de gente bamba gaúcho aqui dos pampas
Bagual de tirar cria preto vivente campanha
Porque da querência ao pago velho não embasso
Eu sou PX sangue bom índio maragato
Não corro sem ver do que quando a coisa fica feia
Pois na favela o bicho pega e não tá morto quem peleia-leia-leia
(Mano)
Rima segue na batida boto o dedo na ferida
O microfone é minha arma enquanto houver injustiça
O gaiteiro toca a gaita e eu não perco o tom da rima
Ala puxa tchê bagual se não gosta vem pra cima
Uno o rap à tradição valorizo o som da terra
Rio Grande terra de gente que na guerra não se entrega
Sou gaúcho tô na boa toma aí um chimarrão
(Amarelo)
Revolução na coxilha farroupilha
Mano da terra não vacila não foge da briga
Na aurora pampeana xirú da campanha
Chimarreando não se espanta ao mirar o pampa
No meu solo Rio Grande povo guerreiro se expande
Que a peleia não perde a chance
Prepare a erva comece a rezar pois a peleia vai recomeçar

Festejos Farroupilhas 2013

Lenda da Salamanca do Jarau






























No tempo dos padres jesuítas, existia um moço sacristão no Povo de Santo Tomé, na Argentina, do outro lado do rio Uruguai. Ele morava numa cela de pedra nos fundos da própria igreja, na praça principal da aldeia.
Ora, num verão mui forte, com um sol de rachar, ele não conseguiu dormir a sesta. Vai então, levantou-se, assoleado e foi até a beira da lagoa refrescar-se. Levava consigo uma guampa, que usava como copo.
Coisa estranha: a lagoa toda fervia e largava um vapor sufocante e qual não é a surpresa do sacristão ao ver sair d'água a própria Teiniaguá, na forma de uma lagartixa com a cabeça de fogo, colorada como um carbúnculo. Ele, homem religioso, sabia que a Teiniaguá - os padres diziam isso!- tinha partes com o Diabo Vermelho, o Anhangá-Pitã, que tentava os homens e arrastava todos para o inferno. Mas sabia também que a Teiniaguá era mulher, uma princesa moura encantada jamais tocada por homem. Aquele pelo qual se apaixonasse seria feliz para sempre.
Assim, num gesto rápido, aprisionou a Teiniagá na guampa e voltou correndo para a igreja, sem se importar com o calor. Passou o dia inteiro metido na cela, inquieto, louco que chegasse a noite. Quando as sombras finalmente desceram sobre a aldeia, ele não se sofreu: destampou a guampa para ver a Teiniaguá. Aí, o milagre: a Teiniaguá se transformou na princesa moura, que sorriu para ele e pediu vinho, com os lábios vermelhos. Ora, vinho só o da Santa Missa. Louco de amor, ele não pensou duas vezes: roubou o vinho sagrado e assim, bebendo e amando, eles passaram a noite.
No outro dia, o sacristão não prestava para nada. Mas, quando chegou a noite, tudo se repetiu. E assim foi até que os padres finalmente desconfiaram e numa madrugada invadiram a cela do sacristão. A princesa moura transformou-se em Teiniaguá e fugiu para as barrancas do rio Uruguai, mas o moço, embriagado pelo vinho e de amor foi preso e acorrentado.
Como o crime era horrível - contra Deus e a Igreja! - foi condenado a morrer no garrote vil, na praça, diante da igreja que ele tinha profanado.
No dia da execução, todo o Povo se reuniu diante da igreja de São Tomé. Então, lá das barrancas do rio Uruguai a Teiniaguá sentiu que seu amado corria perigo. Aí, com todo o poder de sua magia, começou a procurar o sacristão abrindo rombos na terra, um valos enormes, rasgando tudo. Por um desses valos ela finalmente chegou à igreja bem na hora em que o carrasco ia garrotear o sacristão. O que se viu foi um estouro muito grande, nessa hora, parecia que o mundo inteiro vinha abaixo, houve fogo, fumaça e enxofre e tudo afundou e tudo desapareceu de vista. E quando as coisas clarearam a Teiniaguá tinha libertado o sacristão e voltado com ele para as barrancas do rio Uruguai.
Vai daí, atravessou o rio para o lado de cá e ficou uns três dias em São Francisco de Borja, procurando um lugar afastado onde os dois apaixonados pudessem viver em paz. Assim, foram parar no Cerro do Jarau, no Quaraim, onde descobriram uma caverna muito funda e comprida. E lá foram morar, os dois.
Essa caverna, no alto do Cerro, ficou encantada. Virou Salamanca, que quer dizer "gruta mágica", a Salamanca do Jarau. Quem tivesse coragem de entrar lá, passasse 7 Provas e conseguisse sair, ficava com o corpo fechado e com sorte no amor e no dinheiro para o resto da vida.
Na Salamanca do Jarau a Teiniaguá e o sacristão se tornaram os pais dos primeiros gaúchos do Rio Grande do Sul. Ah, ali vive também a Mãe do Ouro, na forma de uma enorme bola de fogo. Às vezes, nas tardes ameançando chuva, dá um grande estouro numa das cabeças do Cerro e pula uma elevação para outra. Muita gente viu.